domingo, 31 de agosto de 2014

Que vinhos tem na Borgonha, heim !?

Começo admitindo que foi a França que me fez decidir estudar vinho, e a razão foi minha imensa frustração numa grande loja de vinho, e a total impossibilidade de entender o que havia dentro das garrafas!
Isso porque as regiões vinícolas chamadas de velho mundo, como a França, Itália, Portugal e etc, ao contrário do chamado novo mundo como a Argentina, Uruguai, Austrália, África, EUA e etc, na maioria das vezes, não trazem nos rótulos as uvas que foram utilizadas naquele vinho, logo...Você precisa conhecer o que é plantado em cada região do velho mundo!
E dada essa introdução, farei uma série de "posts" sobre as regiões vinícolas pelo mundo afora, tentando ao máximo simplificar o tema (Mas admito desde já que não é fácil!), para que você possa entender e degustar um vinho, sabendo o que esta bebendo!

Então vamos para a Borgonha, que é linda região francesa, mas vale comentar que a Borgonha possui sub-regiões como todas as demais na França, onde seus vinhos mudam de característica. Cito apenas as mais importantes abaixo, e isso o ajudará na hora da escolha, porque esta sub-região esta citada no rótulo, que expliquei no "post" da semana passada (aqui),  portanto você já saberá no geral, o que irá degustar:



- Chablis:
Chablis produz exclusivamente vinhos brancos, e a uva deste local é a Chardonnay.
Esqueça os vinhos brancos com a uva chardonnay pesados, com aromas marcantes de manteiga, aqui o vinho devido ao solo calcário, é mais leve, fresco, e se houver passagem por barrica, será sempre barrica usada, e apenas para amaciar ainda mais este delicioso vinho!

OBS: Existem garrafas que trazem no rótulo "petit chablis", os quais os franceses dizem não serem tão nobres quanto os Chablis!
É uma região periférica a Chablis, e por ter um solo menos calcário, não possuem a complexidade alcançada no vinho Chablis, e por isso, tem boa qualidade, preços menores, e devem ser degustados jovens.


- Cotê de Beaune:
Aqui se produz vinhos brancos e tintos, com a uva Chardonnay para os brancos e Pinot Noir para os tintos.
As sub-regiões de maior destaque são:

  • Aloxe-Corton: Aqui o destaque vai para o vinho branco, em especial um vinho chamado Corton-Chalemagne, que são potentes, minerais e muito rico. Os tintos desta área devem envelhecer para se tornarem agradáveis no paladar, portanto, não abra sua garrafa desta região, sem deixá-los muitos anos descansando (RISOS)!
  • Pommard: Aqui se produz vinhos tintos mais potentes, escuros, tânicos, e que precisam de anos na garrafa, para chegar ao seu apogeu!
  • Volnay: Aqui os vinhos tintos são elegantes, leves e fáceis de beber.
  • Meursault: Impera o vinho branco, sendo rico e poderoso em aromas e sabores.
  • Puligny-Montrachet e Chassagne-Montrachet: Os vinhos desta região são tão famosos, que são quase disputados a tapas! (RISOS), isso devido a alta qualidade, e a escassez da oferta, pois a produção não atende os ávidos compradores! Na região de Puligny se produz vinhos brancos e em Chassage estão os tintos.


Côte de Nuits:
Essa é considerada por muitos, a melhor região de vinhos tintos da Borgonha, onde a uva Pinot Noir é a rainha absoluta!
Aqui vale destacar algumas sub-regiões, que mesmo utilizando apenas a uva Pinot Noir, consegue vinhos distintos:
  • Marsannay: Chegou a produzir vinhos rosés com a uva Pinot Noir no passado, mas acabou por se render ao vinho tinto desta mesma uva. Aqui o vinho é fácil de beber, rico, agradável e com bom preço.
  • Grevrey-Chambertin: É considerada a melhor região da Côte de Nuits, onde traz vinhos musculosos e longevos.
  • Chambolle-Musigny: Apresenta vinhos delicados, cheios de perfume e longevos.
  • Vougeot: Como a extensão dos terrenos é grande nesta região, existem vinhos com baixa e altíssima qualidade. Aqui infelizmente é preciso conhecer também o produtor.
  • Vosne-Romanée: Região onde os vinhos são caros, devido a sua procura e complexidade. São perfumados, ricos e elegantes. Aqui vale citar um vinho em especial, na minha opinião, o mais famoso da Borgonha, chamado Romanée-Conti, que é produzido nesta região.


- Cotê Chalonnaise:
Também produz vinhos brancos com a uva Chardonnay, também existe pequenas plantações com a uva Aligoté, e tintos com a uva Pinot Noir e Gammay.
Também dividido em sub-regiões, das quais vale citar:
  •  Bouzeron: Famosa por produzir vinho com a uva Aligoté, onde a principal característica desta uva na região, que quando bem feito, produz um vinho bastante fresco.
  •  Givry: Produz vinhos tintos com a uva Pinot Noir e brancos com a uva Chardonnay, produzindo vinhos elegantes, que agradam bastante.


- Mâconnais:
É famosa pelos brancos com a uva Chardonnay e pelos tintos com a uva Gammay e também com a uva Pinot Noir, mas ainda assim, os vinhos com a uva Gammay não são superiores aos produzidos na região de Beaujolais, que também faz parte da Borgonha.
Nesta região, busque vinhos onde traz no rótulo "Mâcon-Village" ou "Mâcon e o nome da vila onde é produzido", que são os melhores da região!



- Beaujolais:
Esta região que fica ao sul da Borgonha, é um pouco renegada pelos borgonheses, por considerarem os vinhos produzidos aqui, muitos simples para serem chamados de "Borgonha"!
A uva aqui é a Gammay, e que produz um vinho fresco e fácil de beber.
Os vinhos com a uva Gammay normalmente não são de grande guarda, por isso, se você tem um Beaujolais em casa, corra para abrir...E me chama! RISOS




Saúde sempre!

sábado, 23 de agosto de 2014

Lendo um Rótulo...

(Sugestão do tema: Marcio Imazaki)

A escolha do vinho começa sempre pelo rótulo, e entender o que ele diz, ajuda na sua escolha!
A ideia é explicar o rótulo, e haverá outros "posts", falando sobre as regiões vinícolas, para que a compreensão possa ser completa.
No "velho mundo", por exemplo, os rótulos não trazem o nome da uva, mas é importante saber compreender o rótulo, para identificar a região produtora, e com isso, e mais o conhecimento das uvas de cada região, ficará mais fácil aproveitar seus vinhos.

Rótulo do novo mundo:


No conhecido novo mundo, que compreende países como por exemplo África, EUA, Uruguai, Argentina, Chile e etc, o rótulo traz informações suficientes para que você possa escolher com maior facilidade seu vinho.
Como mostrado na foto acima, o rótulo traz as informações que já são esperadas, tais como o nome do vinho, produtor, safra, grau alcoólico, país, mas o que mais ajuda no rótulo do novo mundo, é trazer a uva utilizada, que no caso da foto, é com a uva Malbec.
Com essas informações, você sabe o que esta comprando, e basta abrir e degustar, para saber se o vinho lhe agrada!

Rótulo do Velho Mundo:


Este é um rótulo típico do velho mundo, onde as informações mais comuns e necessárias, como o nome do vinho, safra, produtor, região e etc estão disponíveis, mas para a maioria dos vinhos não traz a uva ou uvas utilizadas, e com isso, é preciso conhecer a região vinícola.
Isso acontece porque não é obrigatório essa informação no vinho, e espera-se que o consumidor tenha conhecimento das regiões e países, e por isso, julgam essa informação desnecessária...Além de fazer parte da tradição desta informação não ser divulgada!

Agora é só pegar uma garrafa, e comprovar tudo isso...Aproveita, abra e deguste!




Saúde sempre!




domingo, 17 de agosto de 2014

Não gire só a taça...Saiba o que você não deve encontrar após a abertura do vinho (Os defeitos!)

Confesse...Você vê a pessoa girando a taça de vinho na mesa ao lado, logo após a garrafa ser aberta, e se pergunta:

- Que raios ela (e) esta fazendo ?

Pois bem, podia ser que a pessoa fizesse por puro charme ou tradição, mas após ler este "post", pelo menos você, fará pelas razões certas!

Vamos aos principais defeitos de um vinho, e são esses que você deve avaliar logo após a garrafa aberta:


- Aroma foxado (Cheiro de uva):

Sinto informar que num vinho de qualidade, você não deveria sentir cheiro de uva!
Isso significa que você esta degustando um vinho feito com uva de mesa, ou também conhecida como uva americana, o qual eu falei num post anterior deste blog (clique aqui para ler). A utilização desta uva para a fabricação de vinho, é pratica comum apenas no Brasil, portanto, será raro encontrar este aroma em vinhos de outros países.

E como identificar ?
Para que você tenha este aroma na sua memória olfativa, sinta o cheiro daqueles sucos de uva prontos para beber, não de caixinha, aqueles vendidos em garrafas ou...Compre compre um vinho nacional, onde vem escrito no rótulo "vinho de mesa".

- Fósforo queimado (Alta concentração de SO2):

A maioria das vinícolas, coloca no vinho branco, que é onde o SO2 é mais utilizado, mas também no tinto, um produto chamado dióxido de enxofre (SO2), pois o mesmo em quantidade moderada, não faz mal para nossa saúde, mas auxilia na conservação do vinho.
O problema é que se colocado em exagero, o seu vinho terá um aroma permanente deste gás, o que não é agradável!

E como identificar ?
Esse é fácil: Queime um fósforo e sinta o aroma que fica no fósforo!
Não posso deixar de comentar que algumas vezes, o aroma também pode lembrar flatulências (Sim, pode acontecer!).

OBS: Logo após a abertura da garrafa, é bastante comum existir este aroma, mas ele em poucos minutos deve sumir, e se não some, é um defeito!

- Oxidado:
Existem vinhos que a sua característica é ser um vinho oxidado, como por exemplo, os vinhos do porto, mas num vinho seco ou doce, sem que a oxidação faça parte de seu processo de vinificação, não é um aroma esperado.

E como identificar ?
O cheiro de uma bebida chamada Vermute é seu melhor referencial ou algo próximo ao aroma do vinho do porto, mas como já dito, sem que seja um vinho com estas características.

- Bouchonné (Aroma de rolha):
Admito que já degustei muitos vinhos, e só encontrei este aroma uma vez, apesar dele estar presente em quase 5% da produção mundial de vinho!
Se trata de uma fungo que pode estar presente principalmente na rolha, mas que também pode estar na barrica (muito raro!), e que em contato com o vinho produz um aroma desagradável.

E como identificar ?
Cheiro de sapato guardado ainda molhado, papelão molhado e guardado e mofo!
Este aroma no vinho é crescente, ou seja, se há dúvida que o vinho esta "bouchonné", basta esperar algum tempo, que o aroma vai se intensificar ainda mais!
E na boca, quando degustado, deixa um amargor que nem água sabão tira! RISOS

Estes são os principais pontos que você deve avaliar num vinho após a sua abertura, e ainda na presença do sommelier ou responsável pelo
serviço de vinho, portanto, a avaliação inicial não é se o vinho lhe agradou ou não, quais os aromas você sente, pois isso precisa de mais algum tempo do vinho na taça...E um outro "post"!

Agora você não vai mais só "girar a taça", você vai fazê-la mostrar todas as suas qualidades...Ou defeitos!! RISOS




Saúde sempre!

domingo, 10 de agosto de 2014

As uvas emblemáticas de um país!

Os países chamados no universo do vinho, como novo mundo, se tornaram os grandes responsáveis pelo o que hoje, chamamos de uvas emblemáticas ou autóctones.
E o que é isso?
São uvas que foram plantadas em certas regiões do mundo, e se adaptaram perfeitamente ao clima, solo e etc, produzindo vinhos especiais e marcantes nestas regiões.
Esse fenômeno é mais presente, como eu já disse, no chamado novo mundo, em países como África, Austrália, Argentina, EUA, Brasil, Chile, Uruguai e etc.
Os países da Europa, por terem uma história vinífera longa, utilizam muitos tipos de uva em cada sub-região, inclusive, a maioria das que foram plantadas no novo mundo, e por isso, não são famosos por terem uma uva emblemática, e sim, por toda sua história e tradição!
Já o chamado novo mundo, também possuem grandes plantações de diversos tipos de uva, mas acabaram por ter uma uva de destaque, que sempre chama atenção, pela sua qualidade na produção de vinho.

E quais são essas uva emblemáticas ou autóctones de cada país ?

Chile: Carmenère
Nova Zelândia: Sauvignon Blanc
Austrália: Shiraz
Argentina: Malbec
África: Pinotage
Brasil: Merlot
Uruguai: Tannat
EUA: Zinfandel


Como eu disse, essas uvas também estão presentes em outros países, alguns com grandes e excelentes produções de vinho, mas o dito novo mundo, acabou por chamar a atenção na produção desta uvas citadas.
E aí, agora que conhece um pouco mais, vai experimentar um vinho com a uva símbolo de cada um dos países citados ?




Saúde sempre!

domingo, 3 de agosto de 2014

As garrafas de todos os dias...E algumas nem tanto: Os tipos de garrafas!!

Você vai a um supermercado ou numa loja especializada em vinho, e vê algumas garrafas com cores e formatos diferentes, e se pergunta: Qual a diferença ?

Existem muitos tipos de garrafas, algumas delas, apenas para atrair os olhos do cliente, ávido por novidades ou algo diferente!
Aqui vou citar as tradicionais, para que agora você saiba um pouco sua origem (Da esquerda para a direita);


- Chianti:
Essa garrafa é típica da Itália, para um vinho chamado Chianti.
Apesar da garrafa ser bastante simpática, pelo menos para mim, o vinho tem gosto um pouco duvidoso!
Acredite, hoje os grandes Chiantis não utilizam essa garrafa!

- Porto, Madeira e Jerez:
O Porto e Madeira produzidos em Portugal, e o Jerez, produzido na Espanha, utilizam essa garrafa.
Como esses vinhos são para longas guardas, a garrafa é escura para preservar melhor o conteúdo contra a entrada de luz!

- Francônia:
Essa garrafa é originária da Alemanha, principalmente para o armazenamento de vinho branco com a uva Riesling, mas também é utilizado em Portugal, para os vinhos verdes, e também para um popular vinho rosé português, bastante conhecido por aqui, chamado Mateus Rosé.
A garrafa não tem nenhuma função real, é apenas charme e tradição!

- Borgonha:
Se você vir na mesa do lado num restaurante, uma garrafa com este formato, impressione a todos na sua mesa, dizendo: Eles devem estar degustando um vinho da Borgonha...A chance de acertar é grande, mas claro que outras regiões vinícolas também utilizam esta garrafa!
Essa é a garrafa típica desta região da França, e a tradição de utilizá-la se mantém até hoje para vinhos brancos e tintos!

- Renana ou Alsaciana:
Essa garrafa é chamada de Renana, mas também de Alsaciana, porque é muito utilizada nesta região da França, para seus deliciosos vinhos brancos!
A Alemanha e Portugal também utilizam esta garrafas, para vinhos brancos e rosés respectivamente.

- Bordalesa:
Essa é a garrafa mais utilizada no mundo!
É um clássico francês, e muitos dos vinhos que degustamos vem nessa garrafa!
É produzida massivamente, e podem ser transparentes ou verdes, que são as mais comuns, para vinhos brancos, tintos e rosés.

- Champagne:
A garrafa mais famosa e desejada!
Esta garrafa tem uma função importantíssima, porque o desenho da base da garrafa, também conhecida como fundo, serve para segurar a pressão exercida por todo o gás carbônico que esta dentro da garrafa. Se não fosse o desenho desta garrafa, provavelmente o champagne iria estourar, antes de podermos degustá-lo!

Existem ainda outros modelos de garrafa, mas estes são os mais famosos e conhecidos, e já o tornará um esperto no assunto!
Na próxima vez que for escolher um vinho: Comece pela escolha da garrafa!