domingo, 30 de outubro de 2016

O vinho e sua arte de compartilhar histórias - O desafio de harmonizar!



Você sabe de nossa paixão pelo vinho...Acho que isso já é evidente, né!?
O vinho tem o dom de unir as pessoas, e isso é maravilhoso!
Fomos convidadas para um jantar super especial, e eu e a Larissa recebemos uma missão:

Cada um deveria trazer uma garrafa de vinho para este jantar, que harmonizasse com arroz de pato!

Já sabe...Missão dada, é missão cumprida!
Cada uma escolheu um vinho de sua adega, estes vinhos foram colocados num decanter pela anfitriã, e degustamos durante o jantar, sem sabermos qual era qual (degustação às cegas!), apesar de que para mim e para a Larissa, que conhecíamos os vinhos, e as características de cada um também, ajudava muito, então já era possível saber!
O objetivo era entre os convidados, escolher o vinho que mais harmonizava com o prato...Brincadeira deliciosa, e que ainda renderia um presente para a ganhadora!
Então foi assim:

- Prato: Arroz de Pato
- Vinhos: The Great Marco levado pela Larissa e Clos de L'Oratoire de Papes levado por mim

Ambos tinham características completamente diferentes...O "The Great Marco" era um vinho com a uva Pinot Noir, em que as caraterísticas desta uva, era bastante presente, como aquele aroma de mato molhado de bosque, cereja preta e couro. Já o Clos de L'Oratoire, que é um vinho do Rhône na França, e que é um corte com várias uvas (se não sabe o que é corte, assista ao vídeo aqui!), e que precisava respirar por muito tempo, pois tinha uma complexidade aromática maravilhosa...Frutas negras em compota, tostado, herbáceo e pimenta.
O vinho The Great Marco com o arroz de pato, parecia até um molho, combinava perfeitamente!
O vinho Clos de L'Oratoire trazia na boca uma picância, que pedia um novo gole de vinho, e mais garfadas do prato!

Conclusão: Deu empate!! RISOS

E a anfitriã deu seu "voto de minerva", ficamos sabendo qual vinho estava em cada decanter, e o The Great Marco foi o eleito da noite!
Para completar, sem combinar, mas em sintonia muito fina, a Larissa levou um vinho alemão de sobremesa, que harmonizou maravilhosamente bem com queijo roquefort, e eu levei um passito de panteleria, que é um vinho italiano da Sicília, e que falarei sobre ele, em detalhes, num outro "post", e que ficou bom, com a torta de coco da anfitriã, mas não é o vinho ideal para o prato...Levei porque queria provar este vinho, compartilhar a experiência, mesmo sem saber se harmonizaria!

Todos os vinhos eram especiais, tinham boas histórias, e mereciam ser compartilhados neste maravilhoso jantar, com pessoas tão queridas...Porque o vinho, se não bastasse só o vinho, ainda tem mais uma vantagem: Ele é muito melhor, quando compartilhado!




Saúde sempre!

Luciana Martinez



domingo, 23 de outubro de 2016

Vinhos mais alcóolicos são melhores?


(Sugestão de Naísa Paula Berton Martines)

Dia destes, uma pessoa me perguntou se um vinho mais alcóolico, é melhor que um com menor teor de álcool.
Bom, para responder esta pergunta, vamos à explicação desde o princípio...Afinal como a uva vira vinho?
De maneira simplificada, o processo é o seguinte: As uvas são colhidas, selecionadas (no caso de vinhos de melhor qualidade), e colocadas para fermentar em grandes recipientes, Depois são colocadas leveduras selecionadas, que iniciarão a fermentação.
A fermentação consiste na transformação do açúcar presente na fruta, em álcool. Note bem que o açúcar é da uva, e não acrescentado ao mosto (Nome dado ao vinho, antes que fermente), e D esse processo vai resultar, álcool, calor e CO2 (gás).
Assim sendo, o teor alcoólico final, vai depender da doçura da uva.
Então pensem comigo: O que faz com que uma fruta fique mais doce que outra?
O amadurecimento se dá de forma natural e locais mais quentes, tais como o Chile, Argentina, Africa do Sul, Austrália e Nova Zelândia, os países do chamado de "Novo Mundo", produzem uvas mais doces por causa do calor da região onde estão, e consequentemente, seus vinhos são normalmente mais alcóolicos. Vocês notarão esse fato facilmente, ao analisarem uma garrafa de vinho da Alemanha, por exemplo, que normalmente terá um teor alcóolico entre 11 a 13%, e um da África do Sul que será de 12 a14,5%. Já provei um vinho Uruguaio que tinha 15%!
Ao degustarmos um vinho com teor alcóolico alto, temos a falsa sensação de doçura, digo falsa, pois na verdade o que sentimos é excesso de álcool, que aquece a nossa boca, e passa essa impressão.
Para algumas pessoas, é um paladar agradável, pois sabores e percepções são muito pessoais, eu por exemplo, quando encontro um vinho com 12%, fico imensamente feliz, pois atualmente, com o aquecimento global, esse fato é quase uma raridade!
Vinhos mais alcóolicos são mais difíceis de harmonizar, e com pratos mais picantes, aumentam a sensação de ardência....Volto a dizer, o que para alguns é um prazer, graças aos diversos paladares, não?
O que torna um vinho bom, deixando de lado o gosto pessoal, pois esse deve sempre ser colocado em primeiro lugar, é o equilíbrio que ele possui, e esse equilíbrio está em três pontos: Taninos, Acidez e Álcool. Vinhos produzidos para guarda, aqueles ditos "para envelhecer", são produtos onde esses três fatores estarão presentes de maneira equilibrada.
Portanto dizer que um vinho com mais álcool é melhor do que um com menos, não tem fundamento nenhum, o que pode acontecer, é agradar mais ao seu paladar, mas é só isso!!
Quando o assunto é o vinho, o que importa mesmo é beber sempre, com atenção né, gente! Lembrem-se de nosso "post" da semana passada, sobre os benefícios e/ou malefícios do álcool se consumidos em doses erradas (leia aqui).
Procure experimenter coisas novas para ir "catalogando" suas preferências.
Fica aqui uma dica: Desenvolva o costume de anotar as suas impressões sobre cada nova garrafa que for provar, esse ato vai ajudar a memorizar melhor aromas, cores e sabores.


Tim Tim!!!

Larissa Moschetta

domingo, 16 de outubro de 2016

O Desafio de Paris - Depois deste dia, o vinho não foi mais o mesmo!

O dia 24/Maio/1976 ficará para sempre na história do Mundo do Vinho...Acredite!
Não, você não precisa guardar esta data, mas talvez seja interessante para você que ama o vinho como nós do VINRISOS, saber o que aconteceu nesta data!

O inglês Steven Spurrier, comerciante e também proprietário de uma escola de vinhos em Paris, percebeu que o vinhos americanos da época, estavam com excelente qualidade, e que havia uma boa oportunidade de confrontá-los com os vinhos franceses...Homem ousado!
Aproveitando as festividades do Bicentenário Americano em Paris, decidiu propor a renomados jurados de vinhos franceses da época, uma degustação às cegas em Paris, onde seriam confrontados vinhos com a uva tinta Cabernet Sauvignon da Califórnia, de Bordeaux na França, e também com a uva branca Chardonnay da Califórnia e da Borgonha na França.
Claro! Os franceses aceitaram, já que seria a "batalha" mais fácil de ser ganha no mundo!
E assim, na data escolhida, os mais renomados degustadores de vinho da França, se reuniram para esta degustação às cegas, em que alguns dos muitos vinhos servidos foram o Château Mouton-Rothschild (Tinto de Bordeaux), Stag's Leap (Tinto da Califórnia), Puligny-Montrachet Les Pucelles (Branco da Borgonha) e Chateau Montelena (Branco da Califórnia).
Para a cobertura do evento, apenas a revista TIME, representado pelo Sr. George M. Taber, foi a única a aceitar cobrir o evento, os demais jornais e revistas convidados, se recusaram a participar!
Bem, dada a largada para a degustação, foi iniciado pelos brancos com a uva Chardonnay, e os votos foram divulgados e adivinha!?

O vinho californiano Chateau Montelena 1973 foi escolhido!

Mas foi um alvoroço no hotel onde foi realizado o evento!
Imagina só os franceses, certos da vitória, acabaram eles mesmos votando contra!!??
Mas ainda não tinha acabado...Era a vez do tinto com a uva tinta Cabernet Sauvignon!
Da mesma forma, às cegas, foram servidos os vinhos tintos, e agora não tão seguros, a degustação foi feita, os pontos anotados e divulgados:
Adivinha!?

O vinho californiano Stag's Leap Wine Cellard 1973 foi escolhido!

O mundo do vinho nunca mais foi o mesmo depois deste Desafio de Paris de 1976!
A revista TIME deu a capa de sua revista para este Desafio...Deram um "furo de reportagem"!
Todos foram obrigados a ver os países que chamamos de Novo Mundo, como grandes competidores, e hoje é real o sucesso dos vinhos produzidos na Califórnia e em tantas outras regiões do mundo!
Tá vendo!?
Um pouco de história não faz mal para ninguém, e você ainda pode contar esta história para seus amigos, entre um gole de vinho e outro, não!?





OBS: Se tiver curiosidade sobre este fato da história do vinho, não deixe de assistir o filme ou ler o livro chamado "O Julgamento de Paris", pois conta em detalhes este fato tão interessante...Vale a pena!



Saúde Sempre!

Luciana Martinez




domingo, 9 de outubro de 2016

Por que amo tanto vinho? (Será que precisa de razão?)


Há um tempo atrás a Lu me perguntou "quando" eu senti que o vinho e eu teríamos uma relação eterna, e na época eu fiquei pensando, e não soube dar uma resposta direta à ela. Comecei a estudar e pesquisar sobre o assunto há 13 anos, estava completando 30, tinha meus 2 filhos com 5 e 3 anos, e passava a ter um pouco mais de flexibilidade, podia deixá-los por períodos curtos, sem muito stress e remorso... Risos!!
Mergulhei de cabeça no assunto, e nos apaixonamos! No começo, era aquela coisa maluca de "início de namoro", não podia ficar sem ele, e aceitava qualquer coisa, mas com o passar dos anos, mais madura e experiente, agora escolho melhor, e já posso afirmar, com alguma segurança, minhas preferências!!!
ATENÇÃO!! Não sou fechada para novidades, isso NUNCA, pois acredito que temos que experimentar sempre, mas faço minhas escolhas baseadas na minha história e é claro, na quilometragem de taças...
Hoje, ao conversar com minha avó, Dona Maria Bertão, uma das pessoas MAIS IMPORTANTES na minha vida, descobri a resposta, me encantei com o vinho e sua magia, quando comecei a falar e compreender tudo que ela me contava sobre sua infância, sobre seus 9 irmãos, e seu pai que engarrafava vinho em casa. Eles compravam grandes barris que vinham do sul, e ao chegar em Rio Preto, era uma grande festa em família, para colocar em garrafas de 750 ml.
Enquanto alguns iam colocando a medida EXATA nas garrafas, pois meu bisavô não aceitava erros, os outros filhos faziam uma mistura de breu com parafina, que serviria como lacre, após a colocação das rolhas.
Durante minha infância eu tomava "suco de vinho" ( água, vinho tinto e açúcar), que segundo minha avó: "Não tem problema nenhum as crianças tomarem um pouquinho de vinho, faz até bem..."
Assim sendo tomo vinho há muito mais tempo do que pensava, não dá para não amar, dá?
Hoje, quando percebo o privilégio de ter minha avó ainda viva, e dividindo comigo esses momentos...Me sinto imensamente grata e feliz!
Todas as vezes que bebo com ela, observo seus olhinhos brilharem e ela me dizer: "Ai Lara como eu AMO vinho!!" Eu me vejo daqui a 50 anos!! Bom, assim espero...
E para você que está iniciando um relacionamento com essa bebida dos deuses, espero que seja longo e prazeroso, com certeza será!  E que nós, do VINRISOS, possamos dividir com você nossas impressões e experiências sobre o assunto!



Tim Tim!!!

Larissa Moschetta

domingo, 2 de outubro de 2016

A Região de Hermitage e a Uva Shiraz!


O vinho conta histórias...Um vinho com uma história é mais saboroso, mais prazeroso e delicioso!
Então nada melhor do que contar uma história para você, e na próxima vez que provar um vinho desta região, terá um novo gosto, e você até poderá contar esta história para as pessoas que estarão com você, e essa é a grande magia do vinho:

CONTAR HISTÓRIAS E COMPARTILHAR O VINHO!

Na França há uma minúscula região chamada Hermitage, que é uma sub-região do Rhône. Nesta região, onde a área total não passa de uma colina, se produz um dos mais renomados vinhos do mundo com a uva Shiraz, e que carrega no rótulo o nome Hermitage!
Conta a lenda que havia um cavaleiro que lutou nas cruzadas, e se tornou um herói. No retorno para a França, como estava muito ferido, a Rainha da França lhe ofereceu um lugar nas colinas de uma montanha ao sul do país, para que pudesse se recuperar tranquilamente.
Este cavaleiro passou sua vida nestas colinas, sem nunca sair de lá, então os moradores da região sabiam que o herói da cruzada estava vivendo lá, mas nunca era visto, então começaram a chamá-lo de Eremita**, e assim nasceu a região de Hermitage!

Os vinhos de Hermitage são produzidos com a uva Shiraz, mas ainda produzem vinhos com as uvas brancas chamadas Marsanne e Roussane, e seus vinhos tintos, são um dos mais prestigiados do norte do Rhône, produzindo vinhos potentes, que precisam de muitos anos na garrafa para domar os taninos, e deixá-los agradáveis ao paladar.
Se tiver a chance de provar algum dia, será uma agradável degustação, e não deixe de contar para todos, que um jovem cavaleiro é quem deu nome a essa fantástica região, cheia de lendas e de bons vinhos!


** Aurélio:
Eremita é o indivíduo que evita a convivência social e vive sozinho; ermitão, solitário.




Saúde sempre
Luciana Martinez