domingo, 30 de abril de 2017

Viagem para França – Segunda Parada: Vinícola Margaux!




Eu sei, eu sei! Você acompanha a gente sempre, e esta tão empolgado com este “post” quanto eu, pela simples razão, que algum tempo atrás, eu escrevi sobre os grandes vinhos de Bordeaux, e meu sonho de um dia provar os 1ers grands crus de Bordeaux (Leia mais aqui!), portanto, você pode imagina o que esta visita significou para mim!
O Châteaux Margaux não recebe visitas abertas ao público, apenas visitas de profissionais do mundo do vinho, então eu aproveitei minha formação no curso de sommelière, para conseguir esta visita!
Bem, vou contar um pouco sobre a história desta fantástica vinícola, e depois conto minhas impressões dos vinhos degustados:
Esta vinícola produz um dos cinco vinhos chamados Premiers Grand Crus de Bordeaux, que se trata de um dos vinhos mais cultuados do mundo, e que traz no rótulo, seu próprio nome: Château Margaux!
A madame Corinne Mentzelopoulos, atual proprietária do Châteaux, herdou a vinícola do pai André, que era um imigrante do Peloponeso na Grécia. André mesmo formado em literatura, percebeu que tinha talento para o comércio, e começou a exportar e importar cereais do Oriente Médio e Ásia. Casou-se com uma mulher francesa, e adquiriu em Paris algumas lojinhas de hortifruti. Graças a sua visão e empreendedorismo, conseguiu em pouco tempo criar uma vasta rede de distribuição de frutas e verduras, com 1600 lojas na França inteira. 
Com a recessão da década de 1970, a indústria vinícola de Bordeaux vinha passando por uma grande crise econômica e qualitativa, então em 1977, o Sr. André Mentzelopoulos fechou com a família Ginestet, então dona do Château Margaux, a compra da vinícola. 
Investindo pesado e com paixão, André modernizou a propriedade (os vinhedos, a adega, a cave) introduziu barricas de carvalho de primeiro uso, e lançou novos rótulos mais acessíveis.
Os resultados foram evidentes já no ano seguinte, quando em 1978 o Château Margaux foi avaliado como um dos melhores da região, mas o Sr. Mentzelopoulos faleceu apenas 2 anos depois, deixando em 1980, o futuro da vinícola nas mãos de sua filha Corinne. 
Desde então, a jovem continuou investindo, com a ajuda da família italiana Agnelli, proprietária da Fiat e do Juventus, que injetou notáveis capitais no negócio, até ceder definitivamente sua parte em 2003, deixando 100% da atividade  nas mãos da Corinne, que continua à frente da vinícola até hoje. 
A denominação de origem Margaux é considerada uma das que produz vinhos mais elegantes de Bordeaux, e o Château Margaux é hoje, graças ao trabalho dos Mentzelopoulos, a máxima expressão da região. Cinco séculos de história francesa, mudados radicalmente por um imigrante grego. 
A vinícola introduziu em 2013, um terceiro tinto com o duplo propósito de oferecer um vinho mais acessível para quem não pode pagar valores astronômicos, e ao mesmo tempo ter maior giro de capitais para continuar investindo, e aprimorando o primeiro e segundo vinho. Portanto a linha completa hoje é composta por 4 vinhos (1 branco e 3 tintos):

- Château Margaux 
- Pavillon Blanc do Château Margaux 
- Pavillon Rouge do Château Margaux 
- Grand Vin du Château Margaux 

O que degustei na visita ?

Châteaux Margaux 2004 :
Muitas vezes eu ouvi falar em “taninos que não estavam prontos”, mas de verdade, nunca tinha provado um vinho que não estivesse de verdade, pronto para ser degustado...Era o caso deste vinho!
Os aromas de frutas negras, couro, especiarias estavam lá, os taninos estavam lá, mas ainda estavam duros, pediam um descanso ainda longo na garrafa, ou uma oxigenação tão abundante, que nenhum decanter daria conta do trabalho (RISOS), a acidez era viva e vigorosa...Um pré adolescente de 13 anos pedindo descanso!
Honestamemte...Eu ousaria chutar que mais uns 10 anos na garrafa fariam bem para este pré - adolescente!!
Mas ainda assim, foi uma experiência única e maravilhosa poder provar uma taça deste vinho!!

Pavillon Rouge 2009 :
Aqui os aromas de frutas negras em compota começam a aparecer, o tostado aparece elegante e uma pimenta também. O tanino também ainda é MUITO marcado, mas já esta mais arredondado pelo tempo, e acidez é fresca e muito presente e o álcool...Nem se sente, esta lá, bem colocada entre a acidez e o tanino!
Um vinho que já esta mais pronto para ser bebido, mas eu ainda daria uns 3 anos na garrafa para ele amaciar os taninos!!


Olhar de frente o casarão que esta no rótulo do vinho, andar por aqueles corredores com tantas histórias e degustar aqueles vinhos, me deu uma alegria quase indescritível...Felicidade que o vinho proporciona para as pessoas, assim, as vezes apenas com uns poucos goles!!




Saúde Sempre, e até a próxima parada!



Luciana Martinez

domingo, 23 de abril de 2017

Os vinhos que me marcaram!!

Pois é, eu sei que vocês devem estar pensando: "O que é isso que a Larissa está falando? Ela que sempre "levantou a bandeira" que todos os momentos são para serem comemorados e COM vinho, é claro. Por que vinhos para celebrar?"

Já me explico; SIM, continuo defendendo a celebração dos momentos da vida, MAS existem alguns que nos marcam mais do que outros, seja para o bem ou para o mal, sempre deixam lembranças...
Hoje acordei inspirada e saudosista e estava pensando em alguns acontecimentos na minha vida onde o vinho se fez presente e definiu uma época.

Como já falei em outro post, tomo vinho desde criança, "suco de vinho", sou de família italiana e refeição sem vinho é um sacrilégio.  Minha avó sempre nos deu uma tacinha com água, vinho tinto e açúcar, então esse foi meu primeiro vinho e até hoje, quando sinto vontade de voltar no tempo, faço um "suquinho de vinho"... Risos!!

Quando fiz 18 anos e já tinha "idade" para beber, sempre acompanhava minha avó com uma taça de Marcus James tinto, muitos de vocês nem vão saber o que é isso, mas para aqueles que tiveram 18 nos anos 90 vão saber do que estou falando. E o Forestier? Esse foi meu "segundo" vinho.

Aos 20 anos fiz minha primeira viagem para Europa e me lembro como se fosse hoje, o meu deslumbramento ao ver a quantidade de rótulos no supermercado, estava em Paris, e claro que peguei a primeira garrafa que lí BORDEAUX no rótulo, não lembro qual era, na época ainda não compreendia as informações sem fim sobre o assunto, ai que tolinha... Esse foi meu terceiro vinho!!

Dos 20 aos 30 tantas coisas aconteceram e os vinhos foram aparecendo na minha vida, me interessei mais pelo assunto e queria aprender diferenciá-los, foi então, que no meu primeiro curso na ABS São Paulo, eu provei um Pinot Noir da Nova Zelândia e foi amor ao primeiro gole, essa uva passou a ser a minha favorita. Esse foi meu quarto vinho!!

Sempre adorei vinhos brancos e espumantes nem se fala, sou 100% adépta da frase atribuída à Napoleão onde ele diz sobre o Champagne: "Na vitória o merecemos e na derrota precisamos dele...", sempre que tenho oportunidade, tomo Champagne e meu favorito é o Taittanger.

O ano de 2016 foi um momento de muitas transições em minha vida, de um rompimento dolorido de muito tempo, MAS de novos aprendizados e desafios e sempre vou me lembrar do Ornellai que tomei, esse foi meu sexto vinho, NUNCA me esquecerei dele...
Neste novo ano, com novas esperanças e projetos tenho certeza que provarei MUITOS vinhos que irão me marcar de uma forma bem feliz.
O mais importante mesmo é não deixar de beber nunca!!!

Tim Tim!!

Larissa Moschetta

domingo, 16 de abril de 2017

Viagem para França, primeira parada: La Cité du Vin


Acabo de voltar de uma viagem para a França, em várias regiões vinícolas, e como conhecimento a gente divide, inicio neste “post”, uma série de publicações, contando os lugares visitados, algumas impressões, vinhos degustados e muito mais!
Então não perca, porque tem muito vinho e muita história vindo aí!

Mas então vamos começar!?

Primeira parada: La Cité du Vin!

Em 31/Maio/2016 foi inaugurado em Bordeaux na França, um local totalmente voltado aos apaixonados por vinho!
Eu fui acreditando ser um museu, com relíquias antigas, mas me deparei com algo totalmente diferente...É realmente um prédio em que todo seu espaço é dedicado ao vinho de forma muito interativa e moderna.
Tem loja com vinhos de vários países para serem comprados, incluindo um espumante brasileiro da Miolo, restaurantes, e no restante dos espaços, existe uma enorme quantidade de áreas, com as mais variadas atrações, onde você interage, utilizando um aparelho com fone de ouvido, bastando colocar o número citado em cada atração (áudio indisponível em português). Dentre as atrações, vale a pena citar:


  • Uma biblioteca com livros desde infantis, até livros bastante específicos sobre vinificação (Antes que você se assuste, na França, vinho é considerado alimento, e as crianças já nascem com a cultura do vinho muito presente no seu dia a dia, portanto, nada mais natural do que aprender alguns princípios básicos);
  • Área interativa onde enólogos de várias partes do mundo foram entrevistados, e contam sobre a terra da região , o clima, a (s) uva (s) plantadas, e etc;
  • Vidros com aromas variados como couro, lavanda, mel, menta, lápis, laranja, e etc;
  • Globos terrestres que girando, você vê numa tela como é em geral, o clima da região, e como isso influencia o vinho;
  • Filmes contando a história da vitinicultura e muito, muito mais!

E se não bastasse, no andar superior existe dois tipos de degustação:

  • Vinhos franceses
  • Vinhos de outras partes do mundo

Você escolhe degustar um vinho francês, ou algum vinho de um país onde se tem pouco acesso a degustar algo desta região, como por exemplo, Suiça, Romênia, Georgia, Sérvia e etc.
De volta ao térreo, uma loja com acessório de vinho e souvenirs...Porque ninguém é de ferro, não é mesmo!!??RISOS
Para os apaixonados por vinho, reserve o dia, e viaje neste fascinante universo...Eu garanto que informação existe de sobra para isso!
Realmente o lugar foi pensando para as pessoas que querem explorar e conhecer o vinho, mas se deseja apenas conhecer o espaço, então meio dia será suficiente para esta exploração!





Saúde Sempre!




Luciana Martinez

domingo, 9 de abril de 2017

Itália - Come TI AMO!!


Participei de uma degustação inesquecível na última Quarta-Feira 5 de Abril, conduzida pelo enólogo Vincenzo Protti, embaixador da Vinícola Mazzei na América do Sul e devo agradecer  a Arthur Bedin, coordenador da Grand Cru do Shopping Morumbi pelo convite e a minha amiga do coração Irma Ferreira, que lembrou de mim, para provar esses vinhos deliciosos com ela. 
Fundada em 1435, no coração da Toscana, mais especificamente na região de Chianti Clássico a vinícola Mazzei tem história, dá pra ver logo de cara, existe antes mesmo da descoberta do Brasil.
Tradicional família Italiana, será que existe uma que não seja... Risos!, os Mazzei possuem 3 grandes propriedades onde seguem distribuindo seus conhecimentos no tratamento das uvas e consequentemente na fabricação de vinhos de MUITA qualidade.

- Castelo de Fonterutoli no coração do Chianti Clássico - na Toscana.
- Belguardo na região costeira em Marema.
- Zisola no sul da bota, na Sicília
Os vinhos eram muito bons, o que era de se esperar de uma vinícola com tanta experiência, mas o que mais me impressionou foi a elegância da bebida. Normalmente os vinhos italianos "chegam chegando..." se é que me entendem, mas esses não!  Chegaram fazendo barulho sim e mostrando ao que vieram, mas com MUITA classe. 
Foram degustados 5 rótulos, um branco e 4 tintos:


1- Vinho Branco Belguardo 2015: Produzido na região de Marema, área costeira e feito com a uva Vermentino. Aromas minerais, flores brancas, casca de laranja e frutas brancas, dá bem para sentir uma pêra. Na boca traz uma acidez marcante e com gosto de quero mais...  Perfeito para combinar com queijo parmesão e molho ao pesto.

2- Poggio Badiola IGT 2014: Produzido na Toscana 70% Sangiovese e 30% Merlot com breve passagem em barrica. Um vinho tinto rubi claro, translúcido. Traz notas de frutas vermelhas frescas, como morango, framboesa e cereja. Taninos bem integrados e uma acidez gostosa. ótimo para acompanhar uma pizza ou aquele macarrão da Mama aos Domingos.

3 -  Fonterutoli N 10 IGT 2013: Também da  Toscana, aqui um rubi mais intenso, notas de frutas vermelhas mais maduras e um toque balsâmico. Na boca é mais "pesado" que o anterior. Uma boa pedida para acompanhar um bife a Parmeggiana.

4 - Fonterutoli 2011: Maioria de Sangiovese com pequena porcentagem de uvas autóctones. A coloração rubi mantém, mas aumenta ainda mais sua intensidade com reflexos violeta. No nariz aparece o balsâmico e o toque mentolado já está bem aparente, frutas vermelhas e violeta. Na boca é amplo, taninos finos e abundantes, acidez muito presente e traz um grande frescor. 

5 - SER LAPO Chianti Classico DOCG Riserva 2011: Aqui a conversa é outra...Risos!! 
100% Sangiovese com 18 meses de barrica, um típico Chianti Classico. Rubi translúcido com reflexos granada. Aromas balsâmicos, couro, pimenta preta, alcaçuz e depois uma fruta vermelha madura, um estouro de vinho para os apreciadores de vinho mais encorpados. Ideal para acompanhar um cordeiro, uma carne de caça.


Bom pessoal ficam aí minhas impressões e dicas para você que já ama vinhos e para aqueles que estão começando a se aventurar por essas novas águas!! TODO mundo merece provar um Chianti, ou muitos... pelo menos uma vez na vida!!




Tim Tim!!!

Larissa Moschetta

domingo, 2 de abril de 2017

O vinho mais especial que já provei...Qual será!?

Esta é uma pergunta que sempre me fazem:

- Qual o vinho que você provou, e achou mais incrível!?

Bem! Esta pergunta é bastante complicada de responder, primeiro porque já tive a chance de provar alguns vinhos muito especiais, e segundo, é porque fico sempre esperando o que próximo...Um amante do vinho tem sempre grandes expectativas sobre o futuro!!
Mas preciso me arriscar, e lhe contar qual foi até hoje, o vinho mais especial que provei e a razão!!

O vinho na minha opinião, está muito ligado a emoção, a recordações afetivas...Aquele vinho que você provou num momento especial, terá sempre um gosto diferente!!
Dito isso, admito que o momento em que degustei o vinho mais especial até hoje, tinha a presença de ninguém mais, ninguém menos do que Angelo Gaja, um monstro na arte de fazer vinhos no Piemonte, região da Itália!!
A degustação tinha 4 vinhos, todos extremamente especiais, mas quando coloquei meu nariz naquela última taça, senti a maior explosão de aromas que eu já havia sentido na vida!!
Tabaco, piche, fruta negra, madeira...Eu nem tinha coragem de provar, e cada vez que eu deixava mais aquele vinho na taça, diferentes aromas vinham, como alcaçuz, menta...Olha! Era um espetáculo!!
Ele me marcou pela complexidade de aromas, pela acidez viva, apesar de tantos anos na garrafa, pelo tanino potente que vem da uva Nebbiolo...Fez uma marca na minha memória, e no meu coração!!
Sonho em repetir aquele momento, com uma voracidade quase infantil, mas aquele momento foi único...Porque foi o encontro perfeito entre a emoção e razão, porque somente grandes vinhos ligam o coração, com a sua cabeça!!


Vinho: Gaja Sperss
Safra: 1999
Região: Piemonte - Itália
Grau alcóolico: 14,5
Uvas: Nebbiolo 94% e Barbera 6%
Produtor: Angelo Gaja




Saúde Sempre

Luciana Martinez